Pressionada por Trump, Índia reafirma laços com Putin
Relação entre Índia e Rússia seguem firmes, mesmo com o aumento das tarifas e das pressões comerciais dos EUA

Nesta sexta-feira (8), o primeiro-ministro da Índia Narendra Modi deu um recado pela rede X, especialmente para Donald Trump: “Tive uma conversa muito boa e detalhada com meu amigo, o presidente Putin. Agradeci por compartilhar as últimas atualizações sobre a Ucrânia. Também revisamos o progresso em nossa agenda bilateral e reafirmamos o compromisso de aprofundar ainda mais a Parceria Estratégica Especial e Privilegiada entre Índia e Rússia. Aguardo a visita do presidente Putin à Índia ainda este ano.”
Esse pronunciamento esfria as especulações recentes sobre um possível distanciamento de Nova Déli em relação a Moscou diante da pressão americana para que a Índia se afaste de Putin por conta do conflito ucraniano e, sobretudo, que deixe de ser o maior cliente do petróleo russo, para não falar no importante fornecimento de equipamentos militares.
Essa amizade renovada pode complicar as relações com Washington. A administração Trump aumentou as tarifas sobre produtos indianos, dobrando-as de 25% para 50%.
A metade inicial dessa medida era para pressionar a Índia a abrir sua economia e reduzir seu déficit comercial, na casa dos 45,7 bilhões em 2024 -os EUA são hoje seus maiores parceiros comerciais.
A outra metade, anunciada essa semana, é uma escalada declarada para tentar desfazer essa aproximação estratégica de Nova Déli com Moscou, que ajuda a economia russa a manter sua máquina de guerra no conflito com a Ucrânia que Trump quer ver encerrado.
É claro que substituir os russos no fornecimento desses insumos também não faria mal aos americanos.
Só que essa declaração de Modi pinta um quadro mais complexo para a Índia: ela insiste em manter sua autonomia, enquanto negocia em paralelo uma suavização das tarifas com os EUA, tentando manter um pé em cada canoa, garantindo as melhores condições para seus interesses comerciais, energéticos e de segurança, sem se comprometer nem desagradar totalmente nenhuma das grandes potências.
Vamos ver como Donald Trump vai reagir a esse movimento público no tabuleiro internacional, lembrando que ele deve se encontrar com Putin nos próximos dias para falar sobre Ucrânia e, quem sabe, Modi, com quem o russo também já tem visita marcada.
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