O que muda de fato no Brasil após tarifaço e manifestações
Julgamento do ex-presidente será mantido no STF e aprovação de Lula não subiu, mesmo com discurso a favor da soberania

Lulistas e bolsonaristas têm dado o máximo de si para aproveitar o atual momento político.
Bolsonaristas foram às ruas de todo o Brasil no domingo, 3, para prestar solidariedade ao ex-presidente, que está cumprindo medidas cautelares por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Lula, por sua vez, tem dado declarações a favor da democracia e da soberania nacional, tentando aproveitar o tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump aos produtos brasileiros.
Mas, apesar dos movimentos no bolsonarismo e no lulismo, o Brasil de antes do tarifaço e dos atos bolsonaristas é basicamente o mesmo Brasil de hoje.
A única coisa que mudou é que os governadores de direita que pretendem tentar a Presidência no ano que vem começaram a, discretamente, afastar-se do bolsonarismo raiz.
Como antes
Quase tudo na política brasileira permanece nos mesmos patamares.
O tarifaço imposto por Donald Trump e as sanções impostas ao ministro Alexandre de Moraes não irão mudar o curso do julgamento de Jair Bolsonaro no STF. A expectativa é que o ex-presidente seja condenado em setembro.
"As manifestações foram grandes e impactantes? Sim! Grandes em volume e tão barulhentas quanto ocas. Espalhadas por várias cidades, como um enxame histérico de um pedido quase impossível, mas sem alterar um único milímetro do balcão real. A aprovação de Lula não ganhará um super impulso com seu discurso por soberania e contra os Estados Unidos", afirma o estrategista eleitoral Roberto Reis, colunista de Crusoé.
Lulômetro
O Lulômetro, de O Antagonista, mostra que a aprovação de Lula não teve um ganho relevante. Menos de 30% consideram o seu governo como "bom" ou "ótimo", o que seria insuficiente para o petista conseguir a reeleição em 2026.
A fatia dos brasileiros que consideram o governo "ruim" ou "péssimo" caiu, mas de maneira marginal, de 46% em 21 de julho para os atuais 40%.
O Datafolha divulgado no final de semana traz números parecidos: 29% avaliam o governo como "ótimo" ou "bom", 40% como "ruim" e "péssimo".
"Sem grandes ganhos nas pesquisas de popularidade – a última pesquisa Datafolha disse que não houve nenhum -, Lula deve voltar a investir nos programas redistributivos e iniciativas isoladas para aumentar o poder de consumo das pessoas diante de um cenário de restrição do crédito e juros altos", afirma o cientista político Leonardo Barreto, colunista de Crusoé.
Leia em O Antagonista: Trump não impulsionou a avaliação de Lula
O PT trocou de presidente, mas o discurso continua o mesmo. Petistas condenados no mensalão e no petrolão, como José Dirceu, voltaram a assumir cargos no partido.
A relação de Lula com o Congresso também continuará tensa.
Lula vetou o aumento do número de deputados. Moraes autorizou a cobrança do IOF, que tinha sido negada pelo Congresso. Flávio Dino está prestes a declarar as medidas parlamentares impositivas como inconstitucionais. A CPI do INSS deve começar seus trabalhos este mês.
Partidos do Centrão estão contando os dias para desembarcar da base governista, de olho nas eleições do ano que vem. Ninguém quer subir no palanque ao lado de um governo mal avaliado.
Governadores
O que de fato é novidade no cenário atual é o distanciamento dos governadores de direita do bolsonarismo radical.
O único governador que participou de manifestações no domingo, 3, foi Cláudio Castro, do Rio de Janeiro.
Os demais, como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior preferiram se preservar.
Não há ganho político para quem se liga a pautas impopulares.
A maioria dos brasileiros é contra o tarifaço e apoia as medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro.
Esses governadores ainda precisam do apoio de Jair Bolsonaro para herdar os seus eleitores, mas sabem que não podem grudar demais no ex-presidente, sob o risco de também ganharem sua rejeição.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (1)
Marcia Elizabeth Brunetti
2025-08-04 11:08:08Não consigo acreditar que os esquerdalhas acreditem que José Dirceu é inocente e de valores éticos. Devem ter achado uma boa desculpa para engolirem o ladrão novamente no circo da política.