O próximo depoimento da CPMI do INSS
A CPMI INSS vai ouvir nesta segunda-feira empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, ex-sócio do advogado Nelson Wilians

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS vai ouvir nesta segunda-feira empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, ex-sócio do advogado Nelson Wilians. A sessão do colegiado começa às 16h.
A convocação desse empresário, que atua no Distrito Federal, foi solicitada em quatro requerimentos aprovados pela comissão. Ele foi um dos alvos da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que investiga o esquema de descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões do INSS.
A senadora Leila Barros (PDT-DF) lembrou, em um dos requerimentos, que Fernando Cavalcanti foi sócio de Nelson Wilians e teve vários bens apreendidos na operação. Entre os quais, uma Ferrari, uma réplica de um carro de Fórmula 1, relógios de luxo e uma grande soma em dinheiro. A senadora também ressaltou que Cavalcanti é apontado como sócio e dirigente de empresas que atuam em áreas conexas ao setor investigado.
Na quinta-feira da semana passada, a CPMI ouviu o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho. Foi um depoimento de aproximadamente dez horas. Durante a oitiva, Carvalho negou que tenha sido leniente em relação ao escândalo de roubo de aposentadorias e pensões.
“Esta CPMI cumprirá o seu dever. Se outras instâncias não cumprirem, o Brasil saberá onde está a falha. Não estamos aqui para espetáculo; estamos aqui para fazer justiça. Se depender desta comissão, quem rouba aposentado, quem mente diante do Parlamento, vai pagar o preço. E afirmo: não haverá tolerância, não haverá blindagem”, declarou na sexta-feira o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito.
Para o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o depoimento deixou clara a demora na ação da CGU, que não deveria ter permitido dois anos de manutenção de desvios de recursos de aposentados e pensionistas.
“Em 2024 já havia conhecimento, por parte do chefe da CGU. Mas em 2023 já havia comunicação inclusive do Tribunal de Contas à CGU. O que é que a CGU poderia ter feito? Uma medida cautelar para suspender esses ACTs [acordos de cooperação técnica]. Nós teríamos economizado aí R$ 1,5 bilhão ou R$ 2 bilhões em desvios. Resumo da ópera: havia uma porta aberta para a corrupção, sem nenhuma fiscalização. Muita gente botou dinheiro no bolso”, declarou Gaspar.
Ele ainda destacou que a CPMI tem entre seus desafios investigar irregularidades com os empréstimos consignados, que, na sua avaliação, têm uma dimensão muito maior que as irregularidades nos descontos associativos. Ele sugeriu ao ministro da CGU a suspensão cautelar desses consignados.
A sessão também foi marcada por uma tentativa de blindagem do governo Lula. Durante o depoimento, os parlamentares da base buscaram afastar o Planalto do esquema de roubo de aposentadorias.
“Percebi claramente que há uma tentativa de intimidação, uma forma covarde de comportamento que aumenta o tom contra algumas pessoas e é cordial e subserviente com outras pessoas. Não será tentando intimidar, fazendo perguntas sem dar o direito de que o depoente as responda, ou tentando achar contradições onde elas não existem, que nós vamos abrir mão do foco dessa investigação”, disse o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), integrante da tropa de choque governista em entrevista coletiva.
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