O perigo de Trump se referir ao Brasil como "regime"
A carta de Donald Trump a Jair Bolsonaro, publicada ontem, 17 de julho, em que o presidente americano se refere ao Brasil como um “regime”, representa um marco simbólico na crescente escalada diplomática entre os governos Trump e Lula. Ao escolher essa palavra, normalmente associada a regimes autoritários como os de Cuba, Irã e Venezuela, Trump...

A carta de Donald Trump a Jair Bolsonaro, publicada ontem, 17 de julho, em que o presidente americano se refere ao Brasil como um “regime”, representa um marco simbólico na crescente escalada diplomática entre os governos Trump e Lula.
Ao escolher essa palavra, normalmente associada a regimes autoritários como os de Cuba, Irã e Venezuela, Trump intensifica o tom beligerante e sinaliza que talvez não mais veja apenas o ministro Alexandre de Moraes como um dito agente da censura, mas sim todo o governo.
Ao usar a expressão “ridiculous censorship regime”, conforme transcrição da carta, Trump ultrapassa os limites do discurso diplomático habitual. Chamar o país de “regime” implica uma acusação mais ampla que deixam implícitos temas como autoritarismo ou afronta à democracia, o que é particularmente grave e pode sinalizar uma mudança de postura não apenas comercial com o Brasil.

Tensão institucional e retaliações comerciais
A carta aconteceu em meio a uma piora das relações entre Estados Unidos e Brasil. Trump sancionou a adoção de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, justificadas pelo tratamento de empresas e segmentos da indústria americana pelo Brasil.
Também foi abordado o tratamento legal aplicado a Bolsonaro — acusado por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 e que hoje foi conduzido pela Polícia Federal até suas dependências para a instalação de tornozeleira eletrônica, tendo também sido proibido de acessar redes sociais e se aproximar de embaixadas estrangeiras.
Lula, que vinha perdendo popularidade, vislumbrou no anúncio da tarifa e na menção direta às questões judiciais de Bolsonaro uma oportunidade de ter um claro inimigo externo, para unir os brasileiros num discurso nacionalista-ufanista para assim retomar o protagonismo e a popularidade.
Já tendo um histórico de declarações pouco amigáveis aos EUA, como nas ocasiões em que defendeu a adoção de uma moeda do grupo de países BRICS alternativa ao dólar para o comércio entre eles, Lula escalou, denunciando a medida como “chantagem inaceitável”, afirmando que “nenhum gringo vai dar ordens” ao Brasil e que "Trump não foi eleito para ser imperador do mundo".
Repercussões potenciais
A atitude de Trump até fortalece Lula a curto prazo, impulsionando esse discurso nacionalista e de defesa da democracia, além de elevar sua popularidade entre setores críticos à influência americana. Só que isso também escala as tensões comerciais e diplomáticas ameaçam confiança mútua, afetando negociações futuras no âmbito de comércio, tecnologia e mesmo segurança regional, com impacto direto no mercado financeiro.
Se as taxas de fato chegarem em agosto, haverá consequências econômicas, o que sempre impacta na popularidade do presidente da vez, que será cobrado por não resolver pacificamente quando teve a oportunidade, a situação que agora cobra seu preço em empregos e inflação.
Além disso, o termo "regime" poderia indicar que além dessas tarifas, o governo americano pode começar a encarar as instituições do país, na totalidade, como não alinhadas a valores democráticos, o que pode ter implicações diplomáticas mais graves, ensejando a criação de novas tarifas ou mesmo sanções de outras ordens, como a proibição de empresas americanas de disponibilizar o uso de determinadas tecnologias às quais temos maior vulnerabilidade, como nos setores de comunicação, aeroespacial, inteligência artificial, farmacêuticos etc.
Conclusão
A escolha dessa pequena palavra na carta de Trump a Bolsonaro pode ser apenas lapso retórico, mas também pode ser um gesto calculado em uma ofensiva diplomática que une crítica política, sanções econômicas e questionamentos à legitimidade jurídica e democrática brasileira.
No contexto dessa escalada com o governo Lula, que nada faz para desescalar as tensões, pensando apenas na popularidade de curto prazo, essa ação reforça um cenário de choque, com impacto direto na estabilidade das relações históricas entre os dois países, na reputação institucional do Brasil e na dinâmica do comércio internacional.
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Comentários (1)
Marcelo Tolaine Paffetti
2025-07-18 09:42:30É Lula só pensando em Lula. Nada de novo.