O Brasil virou um país pária
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, terá menos liberdade de circulação em Nova York que o iraniano Javad Zarif, em 2019

Demorou, mas o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (foto), conseguiu seu visto americano para viajar para a Assembleia-Geral da ONU, que acontece na próxima semana.
Mas a autorização veio com restrições.
Segundo o jornal O Globo, o ministro só poderá se deslocar entre o hotel onde estará hospedado, a sede da ONU e representações diplomáticas brasileiras.
Padilha também poderá transitar em uma área equivalente a até cinco blocos de onde estiver hospedado.
O tratamento especial dado a Padilha pelo governo americano, além de vergonhoso e humilhante, mostra que os Estados Unidos estão considerando o Brasil como um Estado pária, do mesmo naipe de Irã, Sudão ou Zimbábue.
Iranianos
Em 2019, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, foi obrigado a obedecer a limites de circulação, assim como Padilha.
Zarif foi autorizado a caminhar por até seis quarteirões do prédio da ONU na ilha de Manhattan.
“Diplomatas americanos não circulam por Teerã, então não vemos razão para diplomatas iranianos circularem livremente pela cidade de Nova York”, disse o então secretário de Estado Mike Pompeo ao Washington Post, à época.
“O ministro das Relações Exteriores Zarif usa as liberdades dos Estados Unidos para vir aqui e espalhar propaganda maligna”, disse Pompeo.
Apoio para terroristas
O Irã financia grupos terroristas como Hezbollah o Hamas e Houthis.
Este ano, além de não poderem circular livremente por Nova York livremente, os iranianos podem ser proibidos de fazer compras em lojas de atacado para clubes de membros, como Costco e Sam's Club.
Essas redes são as preferidas dos diplomatas iranianos, pois oferecem produtos baratos que não estão disponíveis no Irã.
Se quiserem fazer compras nessas lojas, eles precisam antes pedir autorização do Departamento de Estado, hoje comandado por Marco Rubio.
Diplomatas do Sudão e do Zimbábue também devem sofrer limites de locomoção.
Mais Médicos
Padilha teve a circulação limitada em Nova York porque era ministro da Saúde no governo de Dilma Rousseff, quando o programa Mais Médicos foi criado.
Em 2012, foi ele quem chefiou a delegação brasileira que foi para Havana discutir o esquema.
Na viagem, Padilha foi acompanhado por dois funcionários do governo brasileiro, que tiveram seus vistos americanos cancelados: Mozart Salles e Alberto Kleiman.
Confisco do salário
O ministro teve um papel central nas tratativas, ajudando a determinar quanto os cubanos receberiam da ditadura comunista.
Foi dele a ideia de colocar a Organização Panamericana de Saúde (Opas) como intermediária na operação, de acordo com mensagens trocadas pelos diplomatas.
Como um acordo bilateral entre o governo de Dilma Rousseff e a ditadura comunista exigiria aprovação do Legislativo, a Opas se ofereceu como intermediária, para dispensar essa exigência legal.
Como a sede da Opas fica em Washington, nos Estados Unidos, surgiu o medo de que os recursos fossem bloqueados em algum momento.
A sacada de Padilha, então, foi a de que os recursos fossem transferidos entre os escritórios da organização, sem passar pelos Estados Unidos.
Ao anunciar o programa Mais Médicos, Padilha mentiu, dizendo que não sabia sobre as quantias que seriam pagas para os médicos cubanos.
Mas as mensagens trocadas pelos diplomatas revelaram que ele esteve diretamente envolvido nas negociações sobre valores.
Regime cubano corrupto
Em 14 de agosto, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil afirmou nas redes sociais que o programa Mais Médicos enriqueceu o "regime cubano corrupto" e citou a Opas.
"O programa Mais Médicos do Brasil foi um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas. Não restam dúvidas: os EUA continuarão responsabilizando todos os indivíduos ligados a esse esquema coercitivo de exportação de mão de obra", escreveu a embaixada no X.
"Os EUA permanecem firmes ao lado do povo cubano. Ontem, tomamos medidas para revogar vistos e impor restrições de visto a vários funcionários do governo brasileiro e ex-funcionários da Opas envolvidos com o esquema coercitivo e explorador de exportação de mão de obra do regime cubano. O trabalho forçado e a exploração não têm lugar no mundo moderno. A responsabilização começa aqui", acrescentou.
Leia em Crusoé: Alexandre Padilha começa a pagar pelo Mais Médicos
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