O resultado das eleições legislativas argentinas de 26 de outubro de 2025 trouxe alívio e mais poder político a Javier Milei (foto), dando ao seu governo um impulso importante em meio à fragilidade econômica do país.
A aliança oficialista La Libertad Avanza (LLA) obteve cerca de 40,7% dos votos e venceu em 15 distritos, inclusive na província de Buenos Aires, reduto histórico do peronismo e, atualmente, do kirchnerismo.
O avanço aumentou a presença da coalizão libertária no Congresso, onde passará a contar com cerca de 92 das 257 cadeiras, tornando-se a principal força da Câmara dos Deputados.
Embora o governo ainda não tenha maioria própria com esse resultado, a nova realidade demonstra que o peronismo/kirchnerismo, com seus péssimos resultados econômicos, parece ter cansado uma boa parte dos argentinos.
Isso confere a Javier Milei maior margem de negociação para aprovar reformas estruturais e sustentar a governabilidade.
Mercado
A resposta do mercado financeiro foi imediata. No primeiro pregão após a vitória oficialista, as ações argentinas em Wall Street registraram forte valorização, com papéis de bancos e empresas de energia subindo entre 20% e 35%, refletindo expectativas de estabilidade política e continuidade das políticas econômicas.
O índice Merval também avançou em Buenos Aires, e o risco-país recuou ligeiramente, sinalizando maior confiança de investidores internacionais no curto prazo.
Só que apesar desse entusiasmo inicial, a melhora nos mercados não resolve as questões maiores de fundo.
A vitória pode reduzir temporariamente a pressão sobre o câmbio, mas o atual esquema de controle monetário não é sustentável e se transformou num ralo de dólares das reservas cambias argentinas.
A administração Milei enfrenta o dilema de manter um programa fiscal austero sem sufocar a atividade produtiva, ao mesmo tempo em que busca atrair dólares e recompor suas reservas.
Agora fortalecido no cenário político, o governo deverá acelerar a sua agenda de reformas em temas sensíveis como previdência, regime tributário e coparticipação federal de impostos.
Só que no mapa das negociações para isso ainda há tensões internas e resistência nas províncias, especialmente entre governadores peronistas.
O mercado observa agora como será feita a execução orçamentária e os sinais que virão da Casa Rosada quanto ao câmbio - se haverá uma possível desvalorização, como alguns especialistas creem ser necessário - e ao relacionamento com o FMI e EUA.
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