Maduro cancela entrevista a emissora americana minutos antes do início
Decisão foi tomada pelo ministro da Defesa da Venezuela, que alegou "motivos de segurança"
O ditador venezuelano, Nicolás Maduro (foto), cancelou, minutos antes do início, uma entrevista ao programa 60 Minutes, da emissora americana CBS.
A informação foi divulgada pelo perfil oficial do programa no X:
"Três meses de negociações, o presidente venezuelano [sic] Nicolás Maduro aceitou ser entrevistado pelo 60 minutos no salão de um concorrido hotel de Caracas. Sem motivo, minutos antes da entrevista prevista, ela foi cancelada", diz a postagem.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, um dos apresentadores detalhou o episódio:
"A equipe de Maduro escolheu o horário e o local, o salão de baile de um movimentado hotel de Caracas, mas minutos antes do horário marcado, a entrevista foi cancelada", afirma.
Segundo o jornalista, a decisão partiu do ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, sob a alegação de que “não era mais seguro” realizar a entrevista.
Entrevista censurada
O episódio não é isolado.
Em 2019, o ditador interrompeu uma entrevista ao jornalista mexicano Jorge Ramos, âncora da Univisión, após apenas 17 minutos.
Maduro confiscou os equipamentos de gravação, o cartão de entrevista e ainda deteve Ramos e a sua equipe por duas horas.
“Quando tentei mostrar o vídeo dos jovens venezuelanos comendo restos de um caminhão de lixo — e argumentar que a revolução bolivariana havia fracassado —, ele se levantou, tentou cobrir o vídeo no tablete para que as câmeras não o captassem e disse: 'A entrevista acabou'. Deu meia-volta e foi embora. 'O que o senhor está fazendo não é próprio dos democratas; isso é o que fazem os ditadores', consegui dizer enquanto ele ia embora", diz trecho do livro.
Os equipamentos de televisão nunca foram devolvidos à equipe.
Pressão
A decisão de cancelar a entrevista ocorre em meio à pressão dos EUA sobre o ditador chavista.
O Pentágono deslocou na sexta, 24, o porta-aviões Gerald R. Ford, o maior de sua frota, para o Mar do Caribe.
O Gerald Ford e seu grupo de ataque se juntam ao contingente destacado pelos EUA na região desde setembro. A força já inclui três navios anfíbios de assalto e transporte, caças F-35B, aeronaves de patrulha P-8 e drones MQ-9, todos operando a partir de uma base em Porto Rico.
O porta-voz chefe do Pentágono, Sean Parnell, afirmou que a missão tem o objetivo “desmantelar atividades e combater o narcoterrorismo” em defesa dos EUA.
"Guerra eterna"
Em resposta, Maduro disse que os Estados Unidos estão “inventando uma nova guerra eterna”.
"Eles estão inventando uma nova guerra eterna, prometeram que nunca mais se envolveriam em uma guerra e estão inventando uma guerra que nós vamos evitar. Os Estados Unidos inventam um relato extravagante, vulgar, criminoso e totalmente falso, já comprovadamente falso”, afirmou em pronunciamento à TV estatal venezuelana.
Maduro destacou também que a Venezuela “é um país livre da produção de folha de coca, livre da produção de cocaína”.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (2)
Denise Pereira da Silva
2025-10-27 16:54:51Vamos ver se a pressão resultará na “saída” de Maduro e não ocupação posterior da presidência da Venezuela por outro ditador sanguinário.
Denise Pereira da Silva
2025-10-27 16:54:51Vamos ver se a pressão resultará na “saída” de Maduro e não ocupação posterior da presidência da Venezuela por outro ditador sanguinário.