Lula está nas mãos de líderes que não lideram
O presidente achou que teria um Congresso dócil com Alcolumbre e Motta, mas a dupla tem sido incapaz de domar os seus parlamentares

Após a oposição emplacar o presidente e o relator da CPMI do INSS, nesta quarta, 20, o líder da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, foi ao Palácio do Planalto reunir-se com o presidente Lula.
Não há mais nada a fazer.
Após levar a presidência da comissão, Carlos Viana, do Podemos, escolheu como relator Alfredo Gaspar, do União.
Os opositores Viana e Gaspar, assim, tomaram os lugares que eram para ser de Omar Aziz, do PSD, e Ricardo Ayres, do Republicanos — dois políticos que contavam com aval de Lula, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e do presidente da Câmara, Hugo Motta (foto).
O governo, assim, terá seis meses garantidos de desgaste nas duas Casas, prorrogáveis por mais seis meses.
Lula acreditou que conseguiria um Congresso dócil após Alcolumbre e Motta vencerem as eleições para a presidência das duas Casas legislativas, em fevereiro.
O problema para o presidente é que a dupla tem sido incapaz de domar os seus parlamentares.
Urgência da anistia
Essa incapacidade dos dois líderes já tinha ficado evidente em abril, quando foi aprovada a urgência do projeto de anistia.
Aquele já era um sinal de que muitos parlamentares do Centrão já não viam obstáculo em se indispor com o governo.
Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais do governo Lula, ameaçou demitir alguns ministros do Centrão caso o projeto de anistia fosse adiante, mas os parlamentares não lhe deram ouvidos.
Governismo de oposição
Desta vez, chama a atenção o fato de que Alfredo Gaspar, o relator da CMPI do INSS e próximo de Jair Bolsonaro, é do União Brasil, e que sua ascensão a esse posto tenha sido costurada pelo presidente do partido, Antonio Rueda.
E Davi Alcolumbre também é do União Brasil, partido que tem dois ministros no governo Lula: Celso Sabino (Turismo) e Waldez Góez (Integração).
Trata-se aqui do governismo de oposição, em que partidos mantêm cargos na Esplanada, ao mesmo tempo em que se sentem totalmente à vontade para fazer oposição ao governo.
Rueda, aliás, defende abertamente pré-candidatos de oposição para a eleição do ano que vem, como Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas.
Lula pode até mandar em Alcolumbre e Motta, convidando os dois para suas viagens internacionais, mas não consegue evitar que os partidos do Centrão e o baixo clero façam o que quiserem nas duas Casas legislativas.
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