Lula dobra a aposta contra Trump e apela ao Brics
Enquanto o Brasil ensaia uma dança multilateral, China e Índia seguem engajadas em negociações bilaterais diretas com os Estados Unidos

Diante da avalanche tarifária imposta por Donald Trump ao Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu buscar refúgio político no Brics. A estratégia? Convocar Índia, China, principais parceiros do bloco, para uma resposta conjunta às medidas protecionistas americanas.
Parece ambicioso, mas soa mais como uma reunião de condomínio do que um movimento geopolítico efetivo.
"Não há coordenação entre o Brics ainda, mas vai haver", disse Lula em entrevista à Reuters. A proposta é entender “qual é a implicação que tem em cada país” e juntos, “tomar uma decisão”.
O problema é que, enquanto o Brasil ensaia essa dança multilateral, China e Índia tem suas prioridades e seguem engajadas em negociações bilaterais diretas e mais produtivas com os Estados Unidos. Os dois gigantes asiáticos, mais pragmáticos, já entenderam que, com Trump, ou se fala diretamente ou se paga caro.
Qual a chance deles se aliarem ao vizinho mais barulhento e arriscarem se prejudicar no processo? A China até divulga uma ou outra manifestação pública de solidariedade ao Brasil e só. A Índia nem isso.
Lula, por sua vez, declarou abertamente que não ligou para o ex-presidente americano porque “ele não quer telefonema", "não vou me humilhar”. Com isso, ele vai por um caminho mais retórico do que diplomático, mantendo sua posição de orgulho que, no atual cenário comercial, tem custo alto para os setores produtivos e ganhos questionáveis para sua popularidade.
A retaliação de Trump, vamos lembrar, não caiu do céu. Além da questão ligada a Jair Bolsonaro e Alexandre Moraes, sobre a qual o governo nada pode fazer, como já exploramos em outros textos na Crusoé, outra razão de sua irritação foi justamente a postura vocal de Lula no âmbito do Brics e sua defesa da desdolarização, questionando a hegemonia americana.
Foi o suficiente para que Trump, que nunca foi muito afeito a líderes de esquerda, enxergasse em Lula um articulador de resistência à sua política econômica.
Na prática, Lula está isolado. Índia e China negociam direto com Washington e nós observamos de fora, empunhando discursos e acenos multilaterais que dificilmente resultarão em algo além de notas oficiais e conversas entre ministros e secretários.
A tal decisão conjunta soa bonita no microfone, mas é improvável vir acompanhada de qualquer ação mais concreta. E menos ainda de resultados comerciais.
“Poderia anunciar uma taxação dos produtos americanos, mas não vou fazer porque não quero ter o mesmo comportamento do presidente Trump”, disse Lula, com ar nobre, resumindo bem o dilema do governo: ele prefere manter uma pose altiva a tomar medidas práticas para melhorar a situação comercial do Brasil
Enquanto os outros líderes jogam o jogo real da política internacional, Lula parece apostar em solidariedade simbólica. Simbolismo não derruba tarifa.
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Comentários (4)
ISABELLE ALÉSSIO
2025-08-07 14:59:47Excelente matéria !
Eliane ☆
2025-08-07 14:57:53Teatro, puro teatro. Lá adiante vai dizer que é tudo culpa dos Bolsonaro(s),do Trump, etc e tal. "Mula" velha empacada.
Andre Luis Dos Santos
2025-08-07 11:40:14Lula é um desqualificado. E essa foto é asquerosa 🤢
Clayton De Souza pontes
2025-08-07 11:21:49O Lula está gagá e nunca teve uma política externa razoável . Só gosta de ditaduras e teocracias com quem possa praticar negociatas e se sentir em casa