Eduardo Bolsonaro só quer brigar
Sem conseguir anistiar o pai e sem angariar apoio para sua própria candidatura, o deputado saiu batendo em quase todo mundo na direita
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (foto) viajou para os Estados Unidos em fevereiro deste ano.
O objetivo era fazer uma articulação internacional para beneficiar seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que ainda não tinha sido condenado na trama golpista.
Com o plano indo por água abaixo, o filho do ex-presidente lançou sua própria candidatura à Presidência.
Ele não foi apoiado por ninguém —nem pelo pai —, e comprou briga com quase todo mundo na direita.
A lista de alvos de Eduardo, apenas nos últimos meses, é longa:
Tarcísio de Freitas e a "subserviência servil às elites"
Em 15 julho, Eduardo atacou o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
“Prezado governador Tarcísio de Freitas, se você estivesse olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio estaria defendendo o fim do regime de exceção que irá destruir a economia brasileira e nossas liberdades. Mas como, para você, a subserviência servil às elites é sinônimo de defender os interesses nacionais, não espero que entenda”, escreveu no X.
O "ingrato" Jair Bolsonaro
Em mensagem obtida pela Polícia Federal enviada a Jair Bolsonaro, datada de 17 de julho, Eduardo agrediu o próprio pai.
“Graças aos elogios que você fez a mim no Poder360, estou pensando em dar mais uma porrada nele [Tarcísio de Freitas] para ver se você aprende, VTNC SEU INGRATO DO C*”, afirma Eduardo.
Guto Zacarias e a "turminha do MBL"
Eduardo reclamou de um vídeo divulgado por Guto Zacarias, deputado estadual do União Brasil em São Paulo e vice-líder do governo de Tarcísio.
“Por que o Tarcísio mantém como vice líder uma pessoa do MBL, um grupo que defende a minha prisão, a prisão de meu pai, a prisão de jornalistas exilados, gente que ficou anos sem ver os filhos como o Allan dos Santos?”, afirmou.
A "turminha da elite financeira" de Zema
No mesmo mês, ele rebateu o governador mineiro, Romeu Zema, do Novo.
Zema disse que Eduardo criou um "problema" para a direita, em entrevista ao Estadão.
"Deve ter sido eu quem mandou prender velhinhas de 70 anos pelo resto da vida na prisão. Deve ter sido eu quem mandou prender parlamentar por uma década, por um mero vídeo na internet. Deve ter sido eu que desrespeitei todas as mais básicas liberdades individuais. Deve ter sido eu quem anulou o Poder Legislativo e instaurou uma tirania de lunáticos no país. Enquanto são pessoas simples e comuns as vítimas da tirania, não há problema, mas mexeu na sua turminha da elite financeira, daí temos o apocalipse para resolver. Ao que parece, estava tudo uma maravilha enquanto era senhora e mãe de família comum sendo destroçada pela tirania”, afirmou Eduardo.
Ratinho Jr. e o tarifaço
No final de julho, Eduardo disparou contra o governador do Paraná, Ratinho Jr.
“Trump postou diversas vezes citando Bolsonaro, fez uma carta onde falou de Bolsonaro, fez declarações para a imprensa defendendo nominalmente o fim da perseguição a Bolsonaro e seus apoiadores. Desculpe-me governador Ratinho Jr, mas ignorar estes fatos não vai solucionar o problema, vai apenas prolongá-lo ao custo do sofrimento de vários brasileiros”, escreveu o deputado federal.
O "pouco ativo" Nikolas
Eduardo reclamou que o deputado mineiro Nikolas Ferreira não estava sendo ativo o suficiente para defender sua família.
"O Nikolas, a área dele é a comunicação. Ele é, de longe, o maior perfil da rede social entre os parlamentares em número de seguidores. Ele é a voz que é mais escutada. Ele é um cara que sabe os gatilhos e sabe os caminhos para você fazer viralizar um vídeo. Então, na nossa percepção, eu acho que é difícil que ele não tenha a exata dimensão daquilo que está sendo tratado aqui nos Estados Unidos e que isso é vital para nós conseguirmos resgatar a democracia brasileira, porque ela não vai ser resgatada através das ferramentas internas que nós temos no Brasil. Então, causa, de certa maneira, estranheza que ele tem sido pouco ativo em levar essa mensagem adiante", afirmou Eduardo em entrevista.
Valdemar e os "batedores de carteira da ocasião"
Em setembro, Eduardo compartilhou uma mensagem de Valdemar Costa Neto, líder do PL.
“Este é o momento para resgatarmos a direita, não para a enfiarmos nas mãos sujas do aproveitador da ocasião”, escreveu Eduardo. “Não abdiquei de tudo para trocar afagos mentirosos com víboras. Não lutei contra tiranos insanos para me sujeitar aos esquemas espúrios dos batedores de carteira da ocasião.”
Ciro Nogueira e o prejuízo gigantesco
Em 13 de outubro, Eduardo criticou Ciro Nogueira, líder do PP.
Nogueira tinha dito que o deputado causou "prejuízo gigantesco" para a direita.
"Prezado Ciro Nogueira, o prejuízo foi gigantesco para o seu plano pessoal, não se pode confundir o seu interesse com o do Brasil. Compadeço com o seu sentimento, pois também foi um grande prejuízo para mim, a diferença é que estou disposto a sacrificar os meus interesses pessoais pelo Brasil", escreveu Eduardo no X.
O interesse pessoal de Tereza Cristina
No dia 15 de outubro, Eduardo criticou uma entrevista da senadora Tereza Cristina, do PP, ao jornal O Globo.
"Senadora Tereza Cristina, acho interessante que você diga que as pesquisas colocam o Ratinho Júnior como viável e diga, na mesma entrevista, que eu não sou viável, mesmo que as pesquisas mostrem o inverso oposto. Assim, fica parecendo que seu conceito de viabilidade é aquele que se enquadra no seu interesse pessoal. Longe de mim acusar você de agir apenas visando seus interesses pessoais, afinal, sabemos bem que você é bem capaz de representar interesses pessoais alheios, desde que sejam os interesses dos grandes capitais do país, mas é o que fica parecendo. Não deixa de ser inusitado que todo tipo de sujeito que deu grandes saltos na política, graças a minha família, agora se ache no direito de escolher o próximo candidato a presidente da direita", escreveu Eduardo no X.
A imprudência de Cleitinho
Na quinta, 23, Eduardo reclamou de falas do senador Cleitinho (Republicanos-MG). Segundo o mineiro, não foi prudente Eduardo lançar a própria candidatura à Presidência.
“Imprudente foi darmos a vaga do Senado para você. Mas muitos dos nossos erros iremos corrigir”, rebateu o deputado no X.
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