Crusoé nº 381: Barraco bolsonarista
Mensagens confirmam frituras de governadores e articulações para submeter o país aos interesses da família. E mais: juiz intrometido e o perigo de depender da China

As relações entre os membros da família Bolsonaro e seus amigos próximos sempre foram repletas de ameaças, gestos de ciúmes e xingamentos, intermeados por demonstrações emotivas de lealdade.
Essas atitudes tóxicas e a insistência em colocar a família em primeiro lugar afastaram aliados próximos, geraram desafetos e isolaram o clã ao longo dos anos.
A divulgação do relatório final da Polícia Federal (PF) que pediu o indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito no Supremo Tribunal Federal (STF) deverá ter o mesmo efeito.
Nas mensagens de WhatsApp e áudios divulgados pela PF, fica evidente que os Bolsonaro articularam para beneficiar a si próprios, sem se preocupar com as consequências negativas do tarifaço para a população brasileira.
Além disso, as mensagens mostram como o deputado federal Eduardo avançou contra o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, cotado como possível candidato nas eleições presidenciais do ano que vem.
Se antes da divulgação do relatório da PF já se notava que os governadores de direita estavam tomando uma distância segura do bolsonarismo raiz, agora eles devem ficar ainda mais à vontade para seguir um rumo distinto em 2026, diz Duda Teixeira em "Barraco bolsonarista", a reportagem de capa da edição desta semana de Crusoé.
Outros destaques de Crusoé
Em "O juiz intrometido", Rodolfo Borges e Wilson Lima mostram como o ministro Flávio Dino derrete o valor dos bancos brasileiros e escancara atuação política do STF.
Indicado por Lula como ministro com a "cabeça política", o ex-governador do Maranhão, ex-ministro da Justiça e ex-senador da República Dino faz reverberar o passado político a cada despacho, sem qualquer cerimônia e sem enxergar nenhum motivo para impedimento.
Na matéria "O perigo de depender da China", José Inácio Pilar diz que o Brasil não pode contar com os chineses para peitar Trump.
A ditadura asiática não hesitaria em rifar o Brasil para fazer bons negócios com os Estados Unidos.
Colunistas
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Nesta edição, escrevem Márcio Coimbra (Por que o mundo parou de acreditar no Brasil?), Bruno Soller (Um improvável segundo turno), Dennys Xavier (Platão para o século 21), Orlando Tosetto Júnior (Que a Nasa venha nos estudar), Gustavo Nogy (O país em que as notícias não envelhecem), Jerônimo Teixeira (A ópera silenciada de Vale Tudo), Josias Teófilo (Como o cinema brasileiro conformou-se ao subdesenvolvimento) e Rodolfo Borges (O príncipe da Vila).
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Comentários (1)
Marcelo Euripedes da Silva
2025-08-23 07:53:07Repúdio veementemente a linha editorial, que em sua maioria, tem sido adotada pelo Antagonista, Crusoé, que não está enxergando, como dizem os Americanos, a "big picture". Ainda que críticas sejam importantes elas não resolvem o problema do Brasil. É nítido, conforme o próprio Felipe Moura Brasil admite, que vivemos em uma república dos escambos. É impossível quebrar esse regime apenas com críticas. É necessário ação, e é isso mesmo que o Eduardo Bolsonaro está fazendo. O que vejo nessas mensagens é uma coerência em torno de um propósito, que para mim é perfeitamente válido.