Crusoé nº 378: Castigo Magnitsky
EUA aliviam Brasil e vão para cima de Alexandre de Moraes. E mais: novo calote a caminho e como lidar com Trump

A decisão do governo Trump de aplicar sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes é um inegável ato de intervenção estrangeira no Brasil.
O anúncio veio na quarta, 30, mesmo dia em que o governo americano publicou o aumento de tarifas de importação para vários produtos brasileiros. O documento intitula-se: “Enfrentando as ameaças aos Estados Unidos pelo governo do Brasil”.
“Políticas, práticas e ações recentes do governo do Brasil ameaçam a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos”, diz o texto da Casa Branca que instituiu o tarifaço.
É uma linguagem deveras agressiva, incomum em documentos oficiais.
“Este é o pior momento nas relações entre o Brasil e Estados Unidos em toda a nossa história”, diz Carlos Gustavo Poggio, professor de relações internacionais no Berea College, no estado americano do Kentucky.
“Tivemos problemas na ditadura, entre Ernesto Geisel e o presidente americano Jimmy Carter, além de atritos na questão da espionagem durante o governo de Dilma Rousseff. Mas não foi nada no nível que vimos esta semana, com o Brasil sendo considerado como uma ameaça em um documento oficial americano”, diz Poggio.
As medidas inéditas e em dose dupla, contudo, foram desenhadas para causar o mínimo prejuízo aos empresários americanos e, ao mesmo tempo, infligir o máximo dano possível a Alexandre de Moraes e seus familiares imediatos.
Costuradas como foram — mesclando questões políticas internas do Brasil com relações comerciais — as decisões americanas dificilmente serão revertidas, e ainda irão gerar muita incerteza pela frente, dizem Duda Teixeira e João Pedro Farah em "Castigo Magnitsky", a reportagem de capa da edição desta semana de Crusoé.
Outros destaques de Crusoé
Na reportagem "Novo calote a caminho", Guilherme Resck conta que o Senado deve concluir neste mês a votação de uma Proposta de Emenda à Constituição que limita o pagamento de precatórios e pode criar uma dívida perpétua.
A PEC beneficia o governo federal, governos estaduais e prefeituras, mas prejudica o cidadão que tem algum dinheiro para receber do poder público por ordem judicial.
Colunistas
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Nesta edição, escrevem Gustavo Nogy (Como lidar com Donald Trump? e Quando descobrir a verdade é o próprio crime), Roberto Reis (Ratinho Jr. pede passagem), Jerônimo Teixeira (Esperando Trump: diário dos dias pré-tarifaço), Catarina Rochamonte (Agosto, mês do desgosto, a gosto de Trump), Dennys Xavier (Quando a pólis adoece) e Josias Teófilo (A arquitetura barroca e os sermões de Padre Antonio Vieira).
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