COP30 não gerou vontade de visitar Belém
Pesquisa RealTime Big Data aponta que não houve aumento dos brasileiros que pensam em fazer turismo na capital do Pará
O ministro do Turismo, Celso Sabino, comemorou, na semana passada, a realização da COP30 em Belém, capital do Pará.
“Nós ganhamos uma promoção muito eficaz. Hoje o mundo todo sabe que no Brasil tem uma cidade chamada Belém, uma porta de entrada da Amazônia. O interesse crescente das pessoas no ecoturismo, na sustentabilidade, no turismo de aventura, vai ao encontro da promoção da cidade de Belém da forma como ela foi feita”, afirmou Sabino.
Contudo, pesquisa realizada pela RealTime Big Data, a pedido de Crusoé, mostra que não houve mudança na vontade dos brasileiros de conhecerem Belém.
Antes da COP30, 12% das pessoas diziam que pensavam em viajar a Belém como turista. E 88% não tinham planos.

Depois do evento organizado pelo governo Lula, 13% afirmou que pensa em fazer turismo na cidade. E 87% não pretende conhecer a "porta de entrada da Amazônia".

Como a margem de erro é de três pontos percentuais, não houve alteração.
E isso depois de o governo federal gastar mais de 1 bilhão de reais para realizar a COP30.
Na pesquisa, foram realizadas 1.500 entrevistas em todo o Brasil, exceto em Belém.
Leia em Crusoé: O Brazil não conhece o Brasil
A RealTime Big Data perguntou se a COP30 tinha aumentado a curiosidade para viajar a Belém como turista. Cerca de 86% responderam que não mudou nada.
Para 9%, a vontade aumentou. E para 5%, a vontade diminuiu.
O principal motivo que faz os brasileiros pensarem em ir para Belém é "amigos e parentes".
Mas essa não é uma razão para fazer turismo.
Quando os brasileiros foram questionados sobre por que não pensam em visitar Belém, o principal motivo foi a distância e a dificuldade logística.
Esse item foi apontado por 28%.
Em segundo lugar foi o custo, lembrado por 27%.
Os outros motivos para não ir para Belém foram falta de interesse (14%), sujeira/degradação/desorganização (9%), pobreza (6%), falta de atrativos turísticos (4%), falta de hotelaria (3%), calor/clima (3%).
E 2% afirmaram simplesmente "cidade feia".
Friedrich Merz
Falando em cidade feia, foi essa a percepção do chanceler alemão, Friedrich Merz.
Lula rebateu o alemão, dizendo que o estrangeiro deveria "ter ido em um boteco no Pará, ter dançado no Pará, ter provado a culinária do Pará".
Janja também entrou na jogada.
"Ele não deve ter vivenciado, não deve ter tomado um tacacá, não deve ter ido a um carimbó, ido a uma aparelhagem. Foi infeliz a fala dele", disse Janja, que admitiu não ter ido à aparelhagem.
Mas Lula e Janja não convenceram ninguém. Nem os estrangeiros, nem os brasileiros.
"O ditado de que o brasileiro não conhece a Amazônia é verdadeiro. Fingir o contrário é patriotismo performático. Os brasileiros não podem se sentir pessoalmente atacados quando um estrangeiro comenta algo óbvio: falta infraestrutura", escreveu Izabela Patriota em Crusoé.
"Sem energia, sem logística e sem estrutura, ninguém quer, ou consegue, permanecer no meio da floresta. Colocar um megaevento ali, exigindo obras e deslocamentos enormes, apenas evidencia a contradição."
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