Confusão entre Estado de Israel e judeus expõe brasileiros
Retirada do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto pode colocar brasileiros em risco

A Embaixada de Israel em Brasília recebeu do governo Lula um aviso de que o Brasil irá se retirar da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA).
A informação foi confirmada pela Embaixada de Israel a Crusoé nesta sexta, 25.
A medida oficial foi comunicada na mesma semana em que o governo brasileiro integrou a ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça da ONU, acusando Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza.
A retirada do Brasil da IHRA, contudo, confunde intencionalmente o Estado de Israel com o povo judeu, tomando decisões que podem colocar brasileiros em risco.
Antissemitismo
O Brasil aderiu à IHRA na condição de observador em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro.
O objetivo da organização é promover a educação e a pesquisa sobre o Holocausto e aperfeiçoar políticas de enfrentamento ao antissemitismo.
Ao integrar a IHRA, os países acolhem a sua definição de antissemitismo, considerado como "uma determinada perceção dos judeus, que se pode exprimir como ódio em relação aos judeus. Manifestações retóricas e físicas de antissemitismo são orientados contra indivíduos judeus e não judeus e/ou contra os seus bens, contra as instituições comunitárias e as instalações religiosas judaicas”.
O objetivo, assim, é proteger a população judaica, onde quer que ela esteja.
Discriminação
Judeus têm sido historicamente discriminados e perseguidos no Brasil.
Após o início da guerra do Estado de Israel contra o grupo terrorista Hamas, que matou 1.200 israelenses e sequestrou 250 reféns em 7 de outubro de 2023, ataques antissemitas se tornaram mais numerosos no Brasil e em outros países do mundo.
Um dos casos mais emblemáticos foi o de uma comerciante na Bahia, que foi atacada em fevereiro de 2024 por ser judia.
Mulheres e crianças
Israel precisava iniciar uma ação militar para eliminar a ameaça do Hamas e impedir um novo atentado.
Contudo, a ação israelense na Faixa de Gaza incomodou muitas pessoas, que viram nela uma desproporcionalidade ou, até mesmo, um ato intencional para matar civis, principalmente mulheres e crianças.
O antissemitismo, então, apareceu de várias formas.
Primeiro, buscou-se punir indivíduos por causa de uma ação estatal. Eis um claro traço antissemita.
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, pessoas não saíram perseguindo e atacando russos ao redor do mundo.
Além disso, a ideia de que o Estado de Israel busca aniquilar principalmente mulheres e crianças — um raciocínio repetido diversas vezes pelo presidente Lula — também ecoa um antigo preconceito contra judeus.
Não há provas de que as Forças de Defesa de Israel (FD) tenham buscado matar mulheres e crianças. Os alvos sempre foram os terroristas.
E quem de fato buscou atacar prinicipalmente mulheres e crianças, afinal de contas, foi o Hamas.
Nacionalismo
Quando o governo brasileiro toma a decisão de expor a população judaica no Brasil, como se fosse uma represália a atitudes do Estado de Israel, verdadeiras ou não, comete-se mais um ato antissemita.
Judeus brasileiros não podem ser prejudicados por ações do Estado de Israel.
Considerando que neste momento o governo Lula tem buscado insuflar o nacionalismo na iminência de uma crise, tudo fica ainda mais perigoso.
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Comentários (1)
Marcos
2025-07-25 18:16:38É verdade que há distinção entre ser Israelense e ser Judeu e que o Brasil não deveria ter saído da IHRA. Mas é importante reconhecer que está confusão é incentivada por Israel, quando classifica como antissemita qualquer crítica ao estado ou governo Israelense. É mais ou menos assim: quando convém são a mesma coisa, quando não convém , são distintos.