Bukele avança na midiática militarização de El Salvador e autoritarismo chega às escolas
Após prender dezenas de milhares de jovens por suas supostas ligações com gangues criminosas juvenis conhecidas como Maras, o governo Bukele inicia agora uma ofensiva no setor educacional

Nayib Bukele, sob o pretexto de reestruturar a sociedade em El Salvador tem governado de forma cada vez mais autoritária.
Após prender dezenas de milhares de jovens por suas supostas ligações com gangues criminosas juvenis conhecidas como Maras, o governo Bukele inicia agora uma ofensiva no setor educacional.
Os alunos são obrigados a manterem o cabelo curto e a terem boas maneiras, com o corpo docente assumindo a função de não apenas supervisionar as maneiras dos alunos, mas também verificar se o uniforme escolar está corretamente ajustado.
Além de um sistema de pontos de penalidade por mau comportamento, há também chamadas matinais com cerimônias religiosas e patrióticas.
Bukele escreveu no X que a oficial Karla Trigueros Trigueros, nomeada ministra da educação, possui a força de liderança e o comprometimento necessários para promover uma transformação profunda do sistema educacional.
As escolas costumavam ser centros de recrutamento para membros de gangues e geraram as "gangues mais sanguinárias do mundo". "As medidas disciplinares nas escolas visam evitar que essa tragédia se repita", afirmou o presidente.
O foco de Bukele nas escolas não é totalmente novo. Desde o início de 2024, diretores de escolas devem delatar alunos que apresentem comportamentos antissociais.
Desde a primavera deste ano, aumentaram também os relatos de alunos que foram presos por se destacarem em brigas.
Direitos fundamentais
Bukele já havia declarado durante seu mandato como prefeito da capital San Salvador, a partir de 2015, que o combate às gangues seria uma prioridade. Ele ganhou as eleições presidenciais de 2019 prometendo agir com mão dura.
Enquanto direitos fundamentais foram suspensos, cerca de 85 mil pessoas, principalmente jovens homens, foram presos e detidas sem julgamento. Frequentemente, tatuagens são consideradas evidências suficientes para alegar uma suposta filiação às facções criminosas.
Familiares dos detidos e organizações de direitos humanos falam sobre graves violações cometidas pelas forças de segurança; Bukele, por outro lado, afirma tratar-se de um grande sucesso.
Segundo suas informações, a taxa de homicídios agora é de cerca de 2 casos por 100 mil habitantes e El Salvador é considerado um dos países mais seguros da América Latina.
Ao mesmo tempo, circulam relatos sobre maus-tratos que vão desde abusos até mortes entre os detidos em prisões de alta segurança sob o comando de Bukele.
Militarização midiática
As imagens militares das prisões são fornecidas pelo próprio presidente. Vindo do setor publicitário, Bukele faz com que sua própria equipe de mídia produza esses conteúdos e publica vídeos dramaticamente encenados com soldados fortemente armados em suas redes sociais.
Com a militarização do sistema educacional, Bukele segue seu roteiro para a reestruturação do país, utilizando também as forças armadas para intimidar opositores políticos.
Por exemplo, em 2020 ele ocupou rapidamente o Parlamento para colocar os deputados na linha. Soldados também foram convocados como motoristas para quebrar greves no setor de transporte.
O trabalho das organizações não governamentais está sendo cada vez mais dificultado. Jornalistas críticos ao governo estão deixando o país devido ao medo de represálias, assim como organizações de direitos humanos.
Recentemente, a organização Cristosal deixou o país. "Expressar uma opinião ou exigir direitos básicos pode hoje significar prisão em El Salvador. A liberdade de expressão, protesto pacífico e engajamento cívico estão sendo cada vez mais reprimidos pelo Estado", declarou a organização.
Enquanto isso, Bukele se perpetua no poder. No final de julho, o Legislativo sob seu controle alterou a constituição permitindo a reeleição anteriormente proibida.
Agora, ele pode ser reeleito indefinidamente. Além disso, o mandato foi ampliado de cinco para seis anos. Embora cerca de 80% dos salvadorenhos apoiem o curso seguido por Bukele devido à boa situação da segurança; 60% já afirmam temer expressar sua opinião abertamente.
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