Ausência de Lula em posse na Bolívia é sinal negativo
Márcio Coimbra afirma que governo brasileiro "coloca alinhamento ideológico acima dos valores democráticos"
O presidente Lula (PT) preferiu participar da COP30, em Belém, a comparecer à posse do presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, no último sábado, 8.
O Brasil foi representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, enquanto vizinhos como a Argentina, Uruguai e outros países enviaram seus chefes de Estado.
Até mesmo o presidente do Chile, Gabriel Boric, de esquerda, viajou pessoalmente a La Paz para a cerimônia.
"O Brasil virou as costas para a Bolívia"
O analista político e CEO da Casa Política, Márcio Coimbra, avaliou a ausência de Lula como um gesto negativo nas relações diplomáticas com a Bolívia.
Os dois países mantém relações comerciais, especialmente no setor energético. O Brasil é um dos principais importadores do gás natural boliviano.
"A alternância de poder é muito importante. A gente vê o Paraguai, o Uruguai, são democracias mais consolidadas, com alternância de poder. A gente vê especialmente na questão do Uruguai, a gente viu a troca, de novo, da direita pra esquerda, antes da esquerda pra direita. De forma harmônica. E o presidente de esquerda do Uruguai estava na posse do presidente da Bolívia. Agora, o presidente do Brasil não estava. Nós temos uma relação com a Bolívia muito mais profunda e muito mais próxima do que o Uruguai possui. Afinal de contas, nós temos uma fronteira com a Bolívia, nós temos trocas comerciais importantes com o país", disse em participação no Papo Antagonista desta segunda, 1o.
Coimbra criticou o fato do Itamaraty colocar "alinhamento ideológico" acima dos valores democráticos.
"O país está passando por uma alternância de poder importantíssima que é a troca de mais de vinte anos de uma esquerda populista, que estava no poder, por um novo governo agora, democraticamente eleito, que não é um governo que dialoga diretamente com a esquerda brasileira. Mas é um governo legítimo de um país vizinho, ou seja, o Brasil virou às costas para a Bolívia mostrando, mais uma vez, que o governo e o nosso pseudo-chanceler, Celso Amorim, ele coloca o alinhamento ideológico acima dos valores democráticos, ou seja, se aquela democracia é de alguém que é simpática às ideias de Lula e esquerda, eles apoiam. Se não é, eles simplesmente se esquecem daquele país. Foi o que aconteceu na relação com os Estados Unidos", afirmou.
A vitória de Rodrigo Paz marcou o encerramento de quase duas décadas de hegemonia do Masismo.
O movimento era liderado pelo ex-presidente Evo Morales, aliado de Lula.
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