Anistia Internacional critica relatório de direitos humanos de Trump
"Envia uma mensagem assustadora de que os EUA estão dispostos a ignorar alguns abusos", afirma Amanda Klasing

A ONG Anistia Internacional publicou uma dura nota criticando o relatório anual de direitos humanos publicado pelo Departamento de Estado na terça, 12.
O texto omite questões como discriminação de mulheres e pessoas LGBTQ+.
Países cujos governos são aliados de Donald Trump (foto), como El Salvador e Israel, foram poupados.
“Com a divulgação do relatório de direitos humanos do Departamento de Estado dos EUA, fica claro que o governo Trump se envolveu em uma documentação muito seletiva de abusos de direitos humanos em determinados países", afirma Amanda Klasing, diretora nacional de relações governamentais e advocacy da Anistia Internacional EUA no documento.
No capítulo específico sobre o Brasil, o documento traz várias menções aos abusos do Supremo Tribunal Federal (STF) e decisões que limitaram a liberdade de expressão.
Agenda política
"Criticamos relatórios anteriores quando havia justificativa, mas nunca vimos relatórios como este. Nunca antes os relatórios foram tão longe em priorizar a agenda política de um governo em detrimento de uma prestação de contas consistente e verdadeira das violações de direitos humanos em todo o mundo – suavizando as críticas em alguns países e ignorando as violações em outros", afirma Amanda.
O relatório do Departamento de Estado deste ano tem um décimo do tamanho do texto do ano anterior.
Com essa redução, grupos que defendem os direitos humanos em vários países foram prejudicados, porque costumeiramente usavam o relatório para pressionar governos e buscar apoio.
"O Departamento de Estado afirmou, em relação aos relatórios, que menos é mais. No entanto, para as vítimas e os defensores dos direitos humanos que dependem desses relatórios para esclarecer abusos e violações, menos é simplesmente menos", afirma Amanda na nota da Anistia.
"Versão truncada"
“O secretário [de Estado Marco] Rubio sabe muito bem, desde seu tempo no Senado, o quão vitais esses relatórios são para informar decisões políticas e moldar conversas diplomáticas, mas tomou a decisão perigosa e míope de publicar uma versão truncada que não conta toda a história das violações de direitos humanos. Isso envia uma mensagem assustadora de que os EUA estão dispostos a ignorar alguns abusos, sinalizando que as pessoas que sofrem violações de direitos humanos podem ser deixadas à própria sorte", diz.
"Deixar de reportar adequadamente as violações de direitos humanos prejudica ainda mais a credibilidade dos EUA em questões de direitos humanos. É vergonhoso que o governo Trump e o secretário Rubio estejam colocando a política acima das vidas humanas."
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