A retórica ambígua de Donald Trump na guerra Rússia-Ucrânia
Trump, que já sugeriu que a Ucrânia aceitasse as perdas territoriais, incentiva agora a Ucrânia que lute pela recuperação de seus territórios perdidos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, escreveu o seguinte, na terça-feira, 23 de setembro, em sua plataforma Truth Social, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York: "Acredito que a Ucrânia, com o apoio da UE, está em posição de lutar e reconquistar toda a Ucrânia como era."
Ele já havia trocado opiniões com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Seus comentários foram surpreendentemente duros contra a Rússia – e conciliadores para a Ucrânia e toda a Europa. No passado, Trump se expressou de forma bem diferente em questões territoriais.
"Haverá alguma troca territorial, para o bem de ambos os lados", disse Trump em uma coletiva de imprensa na Casa Branca em 11 de agosto, alguns dias antes de seu encontro com o russo Vladimir Putin, no Alasca. Na época, Trump essencialmente propôs ceder alguns territórios à Rússia.
Ou seja, Trump, que já sugeriu que a Ucrânia aceitasse as perdas territoriais, incentiva agora a Ucrânia que lute pela recuperação de seus territórios perdidos.
Essas duas declarações são exemplos dos sinais contraditórios de Trump na guerra da Ucrânia. Em determinado momento, ele acena favoravelmente a Putin para logo depois ameaça-lo.
O mesmo acontece com Zelensky: em determinado momento, ele o menospreza e, logo depois, o elogia. E assim segue o presidente americano, com sua retórica ambígua.
"Estamos tentando ajudá-lo. Você não tem as cartas na mão agora. Conosco, você começa a ter as cartas na mão. Você está jogando, Volodymyr. Você está jogando com o mundo. Você está apostando. Você está jogando com a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial. É isso que você está fazendo." Foi o que disse Trump a Zelensky no Salão Oval em 28 de fevereiro.
"É uma honra ter o Presidente da Ucrânia aqui. Tivemos muitas discussões positivas, houve progresso", disse Trump amigavelmente, em 18 de agosto.
Sanções
"Se a Rússia não assinar um acordo de paz em 50 dias, imporemos tarifas de 100% sobre todas as importações russas", disseTrump em uma coletiva de imprensa na Casa Branca em 14 de julho.
Ao ameaçar impor sanções à Rússia, ele queria aumentar a pressão sobre Putin para que avançasse em direção às negociações de paz. A lei correspondente previa, entre outras coisas, a imposição de tarifas de 500% aos países que comprassem petróleo, gás ou urânio russos.
Os referidos 50 dias ainda não haviam passado em 28 de julho, duas semanas após a ameaça de sanções. No entanto, Trump encurtou o prazo enquanto estava na Escócia, reunido com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer:
"Vou estabelecer um novo prazo de aproximadamente dez ou doze dias a partir de hoje."
Mas mesmo depois desses "dez ou doze dias", não houve sanções. Quando o prazo finalmente expirou, Trump anunciou um encontro com Putin no Alasca: "Haverá consequências muito sérias."
Em 14 de agosto, um dia antes de se encontrar com Putin no Alasca, Trump renovou a ameaça. Mas até o momento, ele não adotou nenhuma nova sanção contra a Rússia.
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